Moradores ao longo da BR-364 até Cruzeiro do Sul podem se preparar para mais um ano de perrengue, de enfrentamento de buracos e lamas.
Resta torcer para que a estrada não feche, diante de tamanho de descaso do governo federal, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), e da falta de prestígio dos políticos acreanos.
Há poucos dias, o governador Gladson Cameli (Progressistas) abriu a boca para falar uma das suas tantas baboseiras sem nexo e sem amparo na realidade.
Dançando coma verdade, Cameli garantiu que havia R$ 100 milhões garantidos para reconstruir a BR-364.
Gladson Cameli é formado em engenharia, uma das poucas obras que carrega no currículo profissional é um trecho entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, e deveria saber que o valor, se existir, é irrisório para a complexidade da estrada.
O governador tem conhecimento que as empresas da sua família tiveram papel importante na construção da estrada, tendo um faturamento de algo em torno de 40% do valor empregado.
Fala-se muito no valor da 364, mas o investimento real foi de R$ 1,6 bilhão, incluindo todas as pontes e o trecho urbano da Via Verde, em Rio Branco.
Querendo mostrar um trabalho inexistente, ontem, Gladson Cameli apareceu em audiência com o ministro da Infraestutura, Marcelo Sampaio, e com o presidente do Dnit, Santos Filho.
Cameli levou mimos, como biscoitos e farinha do Acre.
Trouxe na bagagem o vazio das promessas.
Segundo matéria produzida pela assessoria do governador, o ministro relatou dificuldades orçamentárias das suas pasta, mas teria elogiado a disposição do governo de formalizar parceria.
Na foto que ilustra as matérias publicadas nos sites locais, o governador aparece cercado de personagens sem a menor expressão na politica nacional.
Estranhamente, o relator do orçamento deste ano, Marcio Bittar, não foi à audiência.
Para vender sonhos à população, o governador disse que o governo do Acre está pronto para fazer parceria com o governo federal na recuperação da BR-364.
Bazófia ou “foba”, como se diz no bom e velho acreanês.
O governo Gladson Cameli tem mostrado incapacidade de cuidar das rodovias estaduais, como iria se comprometer para recuperar uma das principais rodovias existentes no Acre?
É hora de parar de mentir, de renovar promessas para o próximo mandato, pois Cameli não honrou nem com o que prometeu em 2018.
Na verdade, embora tenha obtido quase 80% dos votos no Acre, o presidente Jair Bolsonaro está pouco preocupado com o colégio eleitoral que equivale a 0,38% do eleitorado nacional.
Marcio Bittar, como relator do orçamento, poderia ter alocado recursos suficientes para a recuperação da estrada, mais preferiu mandar dinheiro para municípios de outros estados e para entidades como a Santa Casa da Amazônia.
Gladson Cameli, por sua vez, não foi a Brasília para cuidar de estrada coisa nenhuma.

Ele tenta, a força, retirar a candidatura da presidente estadual do Progressistas, Mailza Gomes, ao Senado. Ocorre que as pessoas sabem o que o governador fez no verão passado. Ele não é confiável para os líderes nacionais do partido, em razão das constantes ameaças de abandonar a legenda e dos apoios que emprestou nas eleições municipais de 2020.
O governo do Estado não tem nada que fazer parceria com Dnit.
O que precisa é os políticos acreanos que apoiam o governo federal mostrarem algum tipo de prestígio.
A responsabilidade da BR-364, desde, 2014, passou a ser do Dnit. Durante os governos petistas da Frente Popular nunca faltaram recursos porque havia sensibilidade do governo federal e os políticos do Acre tinham prestígios nos ministérios e demais órgãos federais.
O que menos o acreano quer é que voltemos a conviver com imagens como a que fecha este texto.
