Há dois anos e quatro meses, o Acre foi sacudido com uma grande operação deflagrada pela Polícia Federal.
Falo da Operação Ptolomeu.
Pela primeira vez na história, a Polícia Federal fez busca e apreensão na casa do governador, na casa do pai do governador e no Palácio Rio Branco.
Depois, aconteceram outras duas fases da mesma operação.
A fase mais aguda foi a de março do ano passado, quando foram impostas várias medidas cautelares ao governador, secretário de Estado, funcionários públicos e empresários.
Com todas as letras, o governador foi classificado como chefe de uma organização criminosa.
Mas o que efetivamente aconteceu nesses vinte oito meses, o equivalente a mais de oitocentos dias?
Sinceramente, nada que tenha o fito de punir os envolvidos.
O governador foi até reeleito no primeiro turno.
O Estado, que já não se mexia muito, ficou parado.
Empresas quebraram e continuam quebrando.
Centenas de empregos foram perdidos.
Sem rumo e sem prumo, o governador passa mais tempo tentando se livrar das acusações do que em governar.
Nunca se esmerou em provar a sua inocência.
Ele teme, sobretudo, ficar inelegível.
Trata-se de um cara que diz não gostar de política, mas vive de política desde os 28 anos.
Agora está com 45 anos.
Sem contar que engordou o patrimônio assustadoramente nos seguidos mandatos.
A Polícia Federal abriu um leque gigante de investigação e não conseguiu fechar quase nada.
Um inquérito com mais de vinte e duas mil paginas foi desmembrados em nove.
Desses nove, a Polícia conseguiu fechar apenas um, o caso Murano.
No fim do ano passado, o Ministério Público Federal apresentou denúncia ao Superior Tribunal de Justiça.
Foi pedido o afastamento do governador.
A ministra responsável chegou a marcar o julgamento, mas adiou e não se falou mais no assunto.
No próximo mês, as medidas cautelares caem.
E a Polícia Federal não apresenta novos inquéritos.
E olha que em dezembro do ano passado, a PF pediu mais tempo, afirmando que seriam apresentados três novos casos em breve.
Que breve é esse?
Essa demora na definição atrapalha o Acre e aos acreanos.
E reforça o sentimento de impunidade.
Fortalece a desconfiança na Justiça.
E traz a certeza de que vale a pena roubar dinheiro público porque o crime compensa.
Fui!
Tchau e um cheiro do Rosas.