Eleições 2024: como Vagner e Petecão ajudaram a derrotar Jéssica e Marcus Alexandre

Por Richard Silva, Juruá Em Tempo

No final do ano passado (2023) as especulações sobre candidaturas para a prefeitura de Cruzeiro do Sul indicavam um cenário com muitos nomes. Além do prefeito Zequinha Lima, então pré-candidato a reeleição, as movimentações partidárias apresentavam o médico Rondney Brito (PL), o sargento Adônis (União Brasil), o Prof. Marcelo Siqueira (ex-PSD), a empresária Janaína Terças (PSDB) e o dep. Clodoaldo Rodrigues (Republicanos).

O nome de Jéssica Sales (MDB), embora lembrado pela comunidade, era pouco cogitado como possibilidade real, já que existia um ambiente de diálogo entre o PP e o MDB, envolvendo uma possível unidade em Rio Branco e Cruzeiro do Sul.

Todavia, após pesquisas eleitorais do Instituto Delta indicarem uma suposta supremacia de Jéssica com 72% de intenções de votos em 2023 e 64% em abril de 2024, há poucos meses do período eleitoral, Vagner Sales começou a agir.

Certo de que ganharia a eleição, Vagner interrompeu o diálogo com o PP, confirmou a candidatura de Jéssica e se juntou ao senador Sérgio Petecão (PSD), atitude que teve consequências diretas na formação de alianças e no resultado das eleições em Cruzeiro do Sul e Rio Branco.

Contrariando os anseios do próprio MDB, que vislumbrava os nomes de Rondney Brito, Marcelo Siqueira ou do vereador Cristiano Rodrigues como eventuais vice de Jéssica, Vagner e Petecão pactuaram a escolha do advogado João Tota Filho, apostando que Jéssica não precisaria de uma unidade política baseada na junção de votos.

Para tanto, Petecão destituiu a direção do próprio partido em Cruzeiro do Sul, já que os dirigentes locais, em maioria, queriam a indicação do nome do prof. Marcelo Siqueira como vice, não de Jéssica, mas de Zequinha Lima, já que até então o partido era base do prefeito.

E Vagner rompeu com o PL e o Solidariedade, partidos ligados ao senador Márcio Bittar, garantindo assim, ao preço da perda de grandes lideranças, a indicação de seu advogado como vice da filha.

O resultado das apostas de Vagner e Petecão foi a formação de uma ampla aliança em torno da candidatura de Zequinha Lima. Zequinha, diferente de Vagner, soube juntar e acolher lideranças das mais diversas forças partidárias, apostando na unidade como caminho para vitória.

Tomando como base a pesquisa Delta de abril do corrente ano, em que Jéssica tinha ~75% e Zequinha Lima ~20% de intenções de voto (TRE/AC-03207/2024), o prefeito reeleito de Cruzeiro do Sul conseguiu desidratar a candidatura do MDB em cerca de 14 mil votos, consolidando sua vitória com históricos 197 votos de diferença.

Para piorar a situação de Vagner e Petecão, as decisões do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul e do senador do PSD afetaram o resultado das eleições da capital, favorecendo a vitória de Tião Bocalon (PL) no primeiro turno.

A retrospectiva acima revela a importância de uma boa articulação política para a formação de uma aliança capaz de vencer as eleições. Nesse quesito Zequinha Lima e principalmente o governador Gladson Cameli mostraram grande habilidade. Gladson, por exemplo, se consagrou, junto com o PP, como o maior vencedor do processo, já que elegeu 14 prefeituras, só do seu partido.

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