PORONGA – Gladson Cameli, um governador no banco dos réus: ele vai fugir, falar ou ficar calado?

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Olá, vamos porongar?

Dois eventos importantes nesta terça-feira, 5 de novembro.

Um é lá nos Estados Unidos, onde a democrata Kamala Harris enfrenta o republicano Donald Trump na disputa pela presidência da maior potência do mundo.

Embora me interesse pela eleição americana, confesso não ter o conhecimento aprofundado para debater política internacional.

Deixo essa tarefa para os especialistas.

Vou apenas ler e assistir.

O outro evento é mais local, da nossa aldeia.

Nesse que dou pitaco.

É que, se não encontrar uma forma de fugir novamente, o governador do Acre, Gladson de Lima Cameli, o Dançarino, finalmente irá sentar no banco dos réus.

Será um fato inédito na história do Acre.

Nunca um governador esteve nessa incomoda posição.

Ao contrário do que dizem, Dançarino Cameli não irá depor.

Depoimento é eufemismo.

Ele será interrogado como acusado de cometer crimes graves contra a administração pública.

O governador virou réu no STJ pelos crimes de peculato, corrupção nas modalidades ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa e fraude à licitação.

Todas as vezes que cito esse portfólio de crimes, fico sem fôlego.

Terça-feira será um grande dia porque ele declarou esperar, ansiosamente, pela oportunidade de se defender.

Espera-se que realmente se defenda e prove a sua inocência.

Até hoje, se esmerou em tentar anular as investigações.

Felizmente não obteve sucesso.

Numa das tentativas desesperadas para fugir do banco do réus, chegou a usar o próprio filho, um menor de idade, como escudo.

Voltemos ao interrogatório.

Digo que não ficará bem o Dançarino declarar que o seu patrimônio cresceu a jato por causa da inflação.

Lembre que já utilizou essa desculpa esfarrapada em entrevista concedida a jornalistas do portal UOL.

Dançarino Cameli tem problemas  cognitivos.

Isso é visível e factível.

Não consegue conectar duas frases se embaralhar.

E isso, diante de um juiz, é perigoso demais para um réu com evidentes provas contra ele.

Por isso, não se surpreenda se, no interrogatório, ele optar por entrar mudo e sair calado.

Ele tem amparo no inciso 63, do artigo 5º, Constituição da República, que garante aos acusados o direito ao silêncio.

Segundo juristas, esse dispositivo se torna essencial para a garantia da não autoincriminação e para estabelecer as estratégias defensiva, asseguradas também em grau constitucional.

Mas tem um problema:  a 6ª Turma do STJ  textualizou que “o interrogatório é, em verdade, o momento ótimo do acusado, o seu ‘dia na Corte’, a única oportunidade, ao longo de todo o processo, em que ele tem voz ativa e livre para, se assim o desejar, dar sua versão dos fatos.

É no interrogatório que o acusado, no caso Dançarino Cameli, terá para rebater os argumentos, as narrativas e as provas da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Se optar por ficar calado, o chefe de organização criminosa abrirá mão de apresentar álibis, indicar provas, justificar atitudes, dizer, enfim, tudo o que lhe pareça importante para a sua defesa.

O silêncio será uma jogo perigoso.

Poderá soar como confissão de culpa.

Antes de fazer este texto e este vídeo, fui ler novamente o voto da ministra Nancy Andrighi.

É um voto bem fundamentado e duro.

Ela lembra as reuniões e os acertos feitos pelo governador, o seu irmão Gledson Cameli, secretários e empresários.

O contrato firmado com a empresa Murano, que é fui o primeiro a denunciar, serviu para compra de carros de luxo, apartamento luxuoso e até para mandar mais de 100 mil reais para um dos irmãos do governador.

Esse irmão, cujo nome é Eládio Messias Cameli Júnior, é tachado pela própria mãe de coçador de ovo, e não é ovo de galinha…

Numa das passagens, a ministra destaca que Gladson Cameli fez o uso em, pelo menos 31 uma vezes dos recursos oriundos do contrato da Murano em seu benefício.

Diante de tudo o que tem no processo, ficar calado parece uma alternativa mais viável e saudável para o governador dançarino.

Afinal,  calado ele é um poeta.

Quase um Carlos Drummond de Andrade.

E agora, José?

Fui!

Um forte abraço e um cheiro do Rosas.

A coluna escrita fica disponível no portaldorosas.com.br.

Vida que segue…

Tchau!

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