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Qual o impacto que as redes sociais podem ter na vida de um universitário? Para a estudante de psicologia da Universidade Federal Fluminense Bruna Silva, depende do uso.
“Impacta na nossa produtividade, na nossa rotina, no sono e também na autoestima. Porque dependendo do algoritmo que você acessa, né, você acaba se comparando muito com vidas totalmente diferentes. Então acredito que as redes sociais elas tem impactos muito negativo na nossa vida, dependendo do uso que a gente faz das redes sociais”
A internet em excesso, associada a outros fatores, pode levar uma pessoa até mesmo a pensar em tirar a própria vida. O papel da internet na saúde mental de jovens universitários e a relação com ideação suicida foi a tese de Irena Penha Duprat, da Uncisal Universidade Estadual de Ciências e Saúde de Alagoas, defendida na USP.
O interesse surgiu quando Irena observou, em 2016 e 17, alguns estudantes da Uncisal, apresentarem sintomas de depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Além de casos de tentativa de suicídio.
Para o trabalho de pesquisa, foram ouvidos 503 alunos de cursos da área de saúde. Na primeira etapa, 51 por cento apresentaram algum tipo de dependência na internet, a maior parte, leve. Irena Duprat explica:
“O dependente leve ele é mais ou menos aquele que usa muito mas ele consegue perceber que ele tá usando em excesso e para quando ele entende que já é bastante, mas o moderado e o grave ele já não tem essa percepção, né? Então se torna realmente um, algo comparado a qualquer outro tipo de dependência. No caso da ideação suicida no questionário, a gente teve uma prevalência aí de 12,5% de estudante com ideação presente”.
Onze alunos que apresentaram dependência grave demonstraram maior propensão à ideação suicida. Para muitos, a internet é fuga:
“Eles relatarem o uso da internet como um mecanismo de fuga para diversas situações da vida deles. Principalmente aqueles que relataram problemas como depressão, ansiedade, estresse, então usavam na verdade a internet como um refúgio digamos para fugir dos problemas.”
O impacto negativo também é sentido em mídias sociais como Instagram e Facebook; sobretudo, na saúde mental das mulheres.
“Que foi perseguida por ela justamente como algo que influenciava na questão do pensamento suicida, principalmente em relação a esses conteúdos que podem gerar sentimentos aí de inferioridade, baixa autoestima, por quê? Porque a gente olha aquelas redes sociais as influências e as pessoas parecem ter uma felicidade, né? As mulheres apresentam o ideal de beleza que quem está olhando muitas vezes não se sente assim.”
Para a psicóloga Karen Scavacini, do Instituto Vita Alere, de prevenção ao suicídio, o impacto da internet depende da vulnerabilidade das pessoas.
“Se ela tá passando por situações delicadas se ela está com algum transtorno mental não tratado e não diagnosticado se ela é fica muito tempo. E aí não é só uma questão de horas de uso, mas como é esse uso.”
Segundo ela, no caso da ideação suicida, existe também relação com o que se busca na internet.
“E tem também em relação com os próprios algoritmos. O que que a rede tem oferecido para essa pessoa. Então se ela vai e procura depressão, o que que ela recebe de informação? Se ela procura auto-lesão, se ela procura suicídio, o que essas redes têm oferecido para essas pessoas em termos de conteúdo.”
A dependência da internet pode ser tratada com psicoterapia e, em alguns casos, com medicação, associada a tratamentos para depressão e ansiedade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, de 2000 a 2019, o suicídio foi a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo.
E se você está passando por um momento difícil, procure ajude especializada, nos Centros de Atenção Psicossocial e Unidades Básicas de Saúde ou no Centro de Valorização da Vida, o CVV, no 188 ou pela internet.
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