‘Eles querem sangue’, diz Dirceu, sobre as pressões do mercado contra o governo Lula

Ex-ministro critica exigências do mercado e defende que governo preserve compromissos com seu programa eleitoral

247 – Em entrevista concedida ao jornal O Globo, José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e uma das figuras centrais do PT, criticou duramente as pressões exercidas pelo mercado sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Dirceu, as exigências vão além do aceitável e representam uma tentativa de desestabilizar o governo eleito. “Eles querem que o governo adote um programa que não apresentou ao país. Querem que façamos haraquiri. É isso que estão pedindo. Querem sangue”, afirmou.

Aos 78 anos, o ex-ministro mantém-se ativo na articulação política e declarou estar disposto a ajudar o governo e o partido na reconstrução de suas bases. Apesar disso, descarta retornar ao Executivo, ressaltando que o presidente já está bem assessorado. Contudo, ele aponta que a disposição de Lula em ouvir conselheiros políticos é uma questão central: “O problema é se o presidente quer ouvir. Não sei se é porque não tem gente para ele ouvir ou se ele não tem ouvido”, destacou.

Críticas ao mercado e defesa de Haddad

Dirceu defendeu a política econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e rebateu as críticas às propostas de ajuste fiscal, como o aumento do Imposto de Renda para as maiores faixas salariais. Para ele, o mercado ignora as conquistas do governo e insiste em uma pauta que desconsidera as prioridades sociais. “O governo já fez a parte dele, agora a palavra está com o Congresso. Se tivéssemos maioria, faríamos uma reforma tributária na renda, riqueza e propriedade”, afirmou.

Ele também criticou o comportamento especulativo em relação ao câmbio, destacando que a alta do dólar não reflete fundamentos econômicos: “Economia e emprego estão crescendo, não há crise política. Temos superávit na balança comercial e quase US$ 360 bilhões em reservas. Qual razão para o dólar a R$ 6? Especulação”.

 

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